Dia com muito pouca historia. Não vou referir o que teve de muito mas cedo perceberão.
Queixei-me dos 7 kgs já perdidos e das poucas horas de sono. Nas ultimas 24 horas resolvi o problema do sono (e de que forma!) e, por certo, aumentei os kgs perdidos (e de que forma!).
Ontem falei do acordar com as galinhas de manhã e da ida ao mercado à tarde/noite. Esqueci-me de referir dois pormenores que se tornaram importantes. Com tanta actividade, não tenho tido tempo de ir ao supermercado e ontem já não tinha rigorosamente nada no quarto para comer. Tentei passar pelo supermercado antes de ir para a Kilt mas estava fechado. Sobraram duas opções, estar a manhã inteira em jejum que, dada a temperatura que estava e o esforço que ia fazer, não me pareceu boa ideia ou comer num dos carrinhos ambulantes que há por cá com fartura. Aqueles que aconselham os turista a não comprar. Das duas, a segunda opção pareceu-me a menos má, ainda que terrível. Comi só um pão, sem mais nada mas a verdade é que a meio da manhã, acabei por provar as coisas que os miúdos tinham iam comendo que tínhamos comprado a meio do caminho, bananas fritas e sei lá. Em minha defesa, estava esfomeado. No mercado, à hora de jantar, decidi poupar e, em vez de ir comer a um restaurante, comi lá numa barraquinha onde compro os noodles aos meus vendedores, quando estes não querem a pizza. Aquilo é muito, é bom e custa menos de 70 cêntimos (nada mau para um jantar). Esse jantar, já fiz por varias vezes e sempre me dei bem. Mas pronto, das 2 brincadeiras, uma acabou comigo. Foi mais uma noite animada, não pelos golos do Benfica que apesar de 4, não consegui ver nenhum, mas pela quantidade de remates que fiz na retrete. De manhã tinha febre, dores de cabeça e não fui capaz de ir dar aulas. Dormi 14 horas. À tarde ainda tentei, fui à Kilt, comecei a aula mas estava um calor de morte e mesmo a comprimidos não me estava a sentir bem. Esperei que a outra professora chegasse, que foi com 1 hora de atraso, para deixar os miúdos com ela e voltar para o quarto. Dormi mais 2 horas e assim se passou o dia. Dormi mais hoje que nos últimos 3 dias, ganhei mais uns anticorpos portanto, podemos dizer que foi um dia para recuperar baterias.
Ainda não foi hoje que tive um dia sem ver os pequenos grandes benfiquistas, mas vi só as raparigas que era quem lá estava à tarde. Ainda assim, todos eles melhoraram o meu dia, e a noite de ontem também, através dos emails que mandaram. Além de uma óptima ideia para manter contacto, é um óptimo método de aprendizagem. Eles esforçam-se para escrever em inglês (falar todos conseguem minimamente) e eu vou aproveitando para lhes corrigir os erros. Saem uns exemplos:
"hello ze i a.m sovann sopan and soman
thank you for clean today
at new home"
"good morning ze"
"today benfica wi i a.m happy
i thing win i like befica" - Isto antes de lhes dizer o resultado.
"i a'm fine thank you.
i'm very happy with benfica too.
good play" - isto depois.
E é isto. Pensei em aproveitar a falta de conteúdos para falar um pouco do Camboja e as coisas que saltam logo à vista do Europeu, como o transito, o clima, a bicharada ou a comida. Mas para o transito acho que só se acredita com videos (tenho os que fazer) e comida... não. Hoje não me falem em comida.
Esta é da parte dos meus pais para ti, Zé Pedro:
ResponderEliminarZé Pedrinho,
Desculpa roubar o teu tempo, aí, nessas paragens que é, com certeza, bem precioso.
Resolvi escrever-te umas palavrinhas pois, apesar de nos separarem algumas gerações, fiquei tua verdadeira fã!!
Julgava eu que as coisas que marcam uma pessoa na vida já tinham passado todas por mim para me sentir realizada; afinal faltava ainda ler, apaixonadamente, o teu diário cambojano.
Como é que um menino de uma geração "copos e Ovibeja" (com honrosas excepções, graças a Deus) larga tudo e vai numa missão tão nobre como a tua? Temos então esperança num mundo melhor!
O que descreves tem para nós, eu e o teu tio Toi, um significado especial pois já aí estivemos e testemunhámos o olhar desses meninos em que não se vê revolta nem ressentimento e que são os verdadeiros anjos na Terra...
Quando lá estivemos, uns miudinhos que não teriam mais de 3 ou 4 anos, enrolados em cobras enormes, mostravam as suas habilidades para angariar uma mísera moedinha, outros navegavam dentro de alguidares de plástico, já sem cor, em águas nauseabundas, para chegarem até ao barco onde nos encontrávamos, etc, etc... Não esquece mais... Dá-lhes tudo o que puderes.
Porém, desacelera um pouco na lavagem benfiquista e ensina-lhes que também há um leãozinho, pequenino, humilde e carinhosos que gosta de festinhas...
Não te vou fazer recomendações de cuidados a ter a nível de saúde, etc, pois tens, com certeza, um regimento de gente com essa preocupação, mas apetecia-me...
Não vá alguma divindade estar assoberbada com excesso de trabalho, peço a Deus, Jesus Cristo, N. Sra. de Fátima, Buda e até Alá que te acompanhem e ajudem a tua missão a ser um êxito.
Beijos
tia Teresa e tio Toi Lebre
Muito bom ler estas palavras. O meu tempo é precioso mas, como é óbvio, ler comentários destes é uma óptima maneira de o gastar.
EliminarSem dúvida que, por mais que eu escreva e tente relatar, só quem passa por cá sabe o que isto é realmente. Dou o que posso que, infelizmente, muito pouca diferença faz.
Não sei se Deus, N. Sra. de Fátima, Buda ou Alá me estão a acompanhar nesta missão (acredito que sim), mas é óptimo saber que toda a família acompanha.
Obrigado e cumprimentos aos tios.
Great comment!
ResponderEliminarBoas melhoras, Zé.