Dia de fama. O Benfica publicou no facebook oficial as minhas fotos com os
meus pequenos grandes benfiquistas, cuja descrição eram frases que entretanto
fui deixando aqui no blog. Em cerca de 12 horas, passaram os 7500 likes e as
300 partilhas. O link do blog
também estava partilhado e possivelmente angariaria mais ajudas para os
pequenos. Acredito que a ideia do Benfica era a melhor, partilhar uma história
que deve ser partilhada. À primeira vista, parece bom mas desenganem-se. Fui alertado para uma triste situação. As crianças
por cá são exploradas e há demasiada gente com más intenções pelo que tudo o que
for exposição deve ser evitado. Eu próprio também não gostei de ver os meus
pequenos expostos a meio Mundo pela simples razão de serem pobres. Uma coisa é
entre nós, é para Portugal ver e ficar entre o amigo do amigo do amigo, outra
é num sitio que chega a meio Mundo em segundos. Eu não gostava que meio Mundo me
visse porque não tenho comida na mesa a todas as refeições. No Camboja
visitam-se orfanatos como quem visita jardins zoológicos, tiram-se umas fotos
com os “animais”, deixa-se uma nota e feito. Não é correcto. As crianças são
pessoas e devem ser respeitadas. Assim, pedi ao Benfica para retirar a
publicação que prontamente atendeu. Dai também o blog ter deixado de ser público.
Voltámos às origens. A ideia era destiná-lo aos amigos e família, aos que me
interessam. O amigo do amigo também é meu amigo. Andar a escrever sem saber
muito bem para quem não me agradava assim tanto. A ajuda poderia ser melhor, é
certo, mas a verdade é que a muita ajuda que chegou foi toda ela da família e
amigos próximos. Assim, isto fica mais familiar, quem quiser já pode comentar
sem grandes vergonhas e eu próprio também posso mandar as postas de pescada que
quiser e dizer o que bem me apetecer sem ter que pensar 2 vezes.
Hoje seria um óptimo dia para começar tal proeza mas os meus avós lêem isto. Vou ter que pensar 2
vezes antes de descrever a noite de ontem. Foi dia de Lady Boy Show, o nome diz
tudo. O espectáculo alternava entre dança e artistas de microfone a fingir que
cantam (nenhum sabia minimamente a letra da musica). Os artistas alternavam
entre a normalidade e travestis. O que eu me ri, foi bestial. Via-se a 10
metros que eram homens vestidos de mulher, não enganavam ninguém. Ao que parece
para colocarem maminhas e recolher “o material”, os coitados têm que se
deslocar à Tailândia e nenhum tem dinheiro para isso. Assim andavam nos seus trajes
menores, com as perucas e tudo mais, onde se via claramente as aldrabices que
tinham no corpo para ganharem um corpo todo sensualão e ficarem todas boas.
Tenho fotos e vídeos incríveis mas há leitores de umas gerações acima da minha, vamos poupá-los. Em Portugal logo mostro os tesourinhos, aqui fica uma simples e contida amostra.
A noite seguiu, estávamos os portugueses todos, e seguimos para a famosa
Pub Street. Aos preços de cá, num instante estava a dançar... digamos assim. Fiz
tudo o que sabia, acho que superei as loucas noites madrilenas. O ambiente é
óptimo, por cá apanha-se tudo. Gente de todo o Mundo, com as vestimentas mais
estranhas de sempre e aspectos todos doidos. Não admira, só doidos é que
decidem gozar por cá as suas férias. A noite foi épica, finalmente uma daquelas
noites de verão. Aos amigos da minha idade, boas histórias há para contar
quando voltar. Os meus companheiros desistiram a meio, eu fiquei até fechar o
bar, falei com tudo o que era pessoa e… dormi 3 horas para ir para a aula da
manhã.
Fui sozinho que a minha
companheira, apesar de ter ido cedo para casa, disse logo que não lhe ia
apetecer levantar cedo. Eu levantei e cheio de vontade, adoro o que faço. Dei
uma bela aula dadas as condições agrestes. À tarde, deixei novamente de ser
professor de inglês e ajudei os meus pequenos benfiquistas com os trabalhos de
casa da escola de khmer. Tirei-lhes as dúvidas, repetimos os exercícios em que se
tinham enganado nas aulas e eles aprenderam. Isto tudo no âmbito da matemática,
o resto, com aquele alfabeto maluco, não percebo.
Depois das aulas, fiquei pela
Kilt. Tive com o mais velho a queimar algumas coisas que não se reaproveitam
para a casa nova. Depois tive a brincar com as raparigas. Entre cozinhados de
sopa de terra, andar com um sapo na mão, imitando-lhe a voz para elas falarem
com ele, corridas ao pé-coxinho, aos saltos a pé juntos, numa posição estranha
com os braços que nem vou tentar descrever e com pedras em cima da cabeça, sem
as deixar cair, diverti-me imenso. Mais me diverti com outro jogo fantástico.
Um alguidar cheio de água num lado do descampado, garrafas de água vazias, uma
para cada um, do outro. O jogo consiste em andarem à cabeçada no alguidar, para
encherem a boca de água. Depois correrem, sem se rir para não perderem a água
que têm na boca, até às garrafas e, juntamente com muita baba e cuspidela, ir
enchendo as garrafas. A primeira garrafa a transbordar ganha. Meus amigos, um dia
experimentamos...
P.S.: Quem sabe de leitores que ficaram "barrados", façam-me chegar os emails (gmail) para que eu lhes dê acesso.
Que pena não ter conhecido o jogo da garrafas mais cedo, seria óptimo para as festas no monte quando vocês eram pequenos...valia tudo.
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