Mais um sábado, mais um touch a
life. Fui sozinho mas os portugueses da semana passada estavam por lá. Notei da
parte da responsável um esforço para me levar novamente à entrega mas, mais uma
vez, estavam demasiadas pessoas e eu ofereci o meu lugar a quem vai deixar Siem
Reap amanhã. Assim sendo, posso dizer que foi tudo igual aos outros sábados,
excepção do primeiro. Talvez não. Segundo a responsável do touch a life e o
senhor encarregue das omeletes, que não foi nas 2 últimas semanas, o Zé de hoje
é complemente diferente do Zé que ali se estreou há 5 semanas (como o tempo
passa!). É um Zé que agora não se cala, que os faz chorar a rir com as brincadeiras
no meio do arroz e que canta alegremente enquanto trata das 660 refeições. Basta pensar um
pouco para perceber que eles estão cheios de razão. Dizem-se chocados mas
muito felizes por mim. Para eles, estou bem melhor, passei de um rapaz simpático e envergonhado para um rapaz porreiro e bem-disposto com uma alegria contagiante. Não
sei fazer essa auto-análise, sei apenas que estou feliz. Sei que o Camboja me
permitiu fazer o que realmente gosto, deitar-me todos os dias estafado mas
realizado, acordar todos os dias, seja a que horas for, super motivado com o que
há para fazer. Aqui sinto-me livre como nunca me senti, sinto-me bem.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFvPwn9WD-Rp07_m8fSef8c6c_9wpoAIVqieNe_3vH_sbKmMdd6oariKg2kCrOBxyg5U54YHX34WjPclSRToTdf-D6UI_h9HoyRCkkrsEVHK7uxFt6nXte0w6HKZB8OwIjWW3ovIbTcSE/s200/IMG_5436.JPG)
Toda a alegria matinal deve-se também, em parte, ao que ia recebendo dos "meus". Sábado de manhã cá, equivale
a sexta-feira à noite em Portugal. Sexta-feira de Agosto. Foi bom preparar a
comida enquanto ia recebendo mensagens de incentivo dos meus amigos, no seu
estado "lolipop" em que, por certo, a parte racional deles já estava
mais perto do Camboja do que Portugal. Reza a lenda que assim se dizem muitas
verdades, foi muito bom ouvi-las. No meio disso, as mensagens que mais gostei vieram de um locl bem mais pertinho, da Kilt. Ontem, sexta-feira, foi dia de rever o mail com
os pequenos grandes benfiquistas, como enviar e responder. Aprenderam depressa.
Deixo-vos alguns exemplos do que me fizeram chegar hoje de manhã:
“thank you ze for foods yesterday”
“you are very good
teacher
in my class
you teach very
wel“
“good morning how are
you ze”
Gosto da parte em que o “teacher” já foi
abolido, após imensa insistência minha,, fora das aulas já me tratam só por Zé, ainda que com um sorriso maroto. Gosto ainda mais das palavras e do
gesto. São maravilhosos os pequenos grandes benfiquistas.
Para o jantar, o grupo do touch
a life decidiu socializar e combinar algo diferente. Onde? Num restaurante português. Foi a
refeição mais cara que já fiz por cá, mas comi uma bela francesinha com um
pastel de nata para rematar. Isto num dia em descobri que já perdi 7 kgs (avó
Antonieta, é melhor tirar os óculos quando lhe bater à porta em Setembro) desde
que cá cheguei, acho que não foi um mau investimento. Comemos ao som Tony
Carreira e do fado da Amália. No fim, escrevi na bandeira "Beja esteve
aqui" e exige aos donos o cante alentejano numa próxima vez.
Tony e RTP no Camboja |
Tugas |
A parte menos boa do dia foi
mesmo o mercado, no tempo “morto” que tive após a preparação das refeições e antes do
jantar. Os miúdos continuam a vender bem, continuam a divertir-se por lá. Hoje
até foi um rapaz que nunca queria ir, foi a primeira vez que o vi por lá.
Estava tudo tranquilo até que o assunto foi a casa nova. Mostrei-lhes as fotos
que tinha (eles ainda não a conhecem, só o mais velho) e prometi-lhes que ia
fazer o meu melhor para que tudo esteja ao agrado deles mas é complicado gerir
a situação. Boa ou má, eles adoram a casa deles. É perto do centro e têm tudo o
que eles precisam. Tem muito espaço para brincar e dá-lhes a privacidade que
eles querem. No mercado perguntavam-me com ar assustado sobre os vizinhos que
iam ter e dizem que é muito longe da cidade e da escola. É realmente muito
longe e vai ser um problema para eles. Terão que pedalar bastante, ainda para mais andam muitas vezes 2 em cada bicicleta porque não há para todos (eu já lhes disse que
ficavam com a minha quando regressasse a Portugal). A casa também tem muito
menos espaço. Quanto à localização não há nada que possa fazer. Quanto ao
espaço, apenas pensar muito e tentar arquitectar tudo da melhor forma que conseguir.
Tentei sossegá-los da melhor forma que consegui. Pela primeira vez houve uma
conversa com eles sem espaço para piadas ou brincadeiras. Houve apenas espaço
para as melhores palavras que encontrei e para muitas festinhas naquelas caras preocupadas, onde se realçavam uns olhos
tristes focados em mim. Por hoje, acho que os consegui tranquilizar. Ficaram
com a promessa que daria o meu melhor para que tenham a melhor casa possível. Ficou também o acordo que um dia que
regresse ao Camboja fico lá com eles a dormir porque a casa vai ter tudo o que é preciso.
P.S.: O post vai com algum atraso porque tive umas boas horas sem net.
Comida portuguesa! Bem bom. Não havia uma sopinha?
ResponderEliminarOntem também tivemos tempo de confraternização, na chegada à praia de Monte Gordo. Espumante rosé, bem fresquinho, com flutes... Parecia que estávamos acabadinhos de chegar às Bermudas... (Oferta da tia Maria e do tio Ricardo).
Há um filme já a circular no Face, com certeza.
Não te esqueças que o Alexandre faz 50 hoje.Temos festa marcada, mas não sei se ele aparecerá... diz que está de férias. Encontamos o Vasquinho e convidamo-lo. A Margarida e o Totinhas também estão por cá. Grande festa!