Abram o champanhe!

Minha família e meus amigos, abram o champanhe, encham os balões e preparem as buzinas... Não faço a mínima ideia de onde pára o meu passaporte por esta altura. Deve estar longe, bem longe já. Agora mesmo que queira voltar e atazanar-vos a cabeça, não vai dar. Pelo menos até segunda-feira.  

Não abusem nos festejos que a situação é temporária (acho eu!) e, já agora, certifiquem-se que os meus pais e avós estão bem de saúde depois de terem lido o primeiro parágrafo, se faz favor.

Passo a explicar a situação. O visto de entrada no Camboja, tirado quando aterramos dado que não existe embaixada, tem o prazo de um mês. Quem quer cambojar mais tempo, tem que o renovar e pagar bem por isso. Chegou a hora da renovação, as opções eram sair do pais e voltar a entrar ou entregar o passaporte, junto a umas quantas notas, a um Cambojano. Optei pela segunda, entreguei ao dono de uma guest house que já é meu amigo. Pelo menos, espero que neste caso seja meu amigo. Segunda-feira, disse ele, já teria o passaporte comigo. Entretanto não sei onde ele pára, já ouvi dizer que tinha que ir à fronteira ou até à Capital, Phnom Penh. Se voltar, voltou. Se não voltar... há males que vêm por bem. As obras estão quase a começar, acho que basta dar a ordem e os meus pequenos grandes benfiquistas constroem mais um quarto para o teacher Zé na sua nova casa. Infelizmente ainda não estou doido para isso. Mas não duvidem, se pudesse ficava por cá mais uns tempos com o maior dos gostos.

A quem ajudou a financiar as mochilas tenho uma informação a dar. Abusei da vossa boa vontade e senti-me no direito de, em troca das mochilas pagas por vocês, exigir eu mesmo notas entre o 9 e o 10 nas aulas de khmer dos meus miúdos. Era a maneira deles retribuírem e hoje 4 pequenos grandes benfiquistas mostraram-me os seus cadernos, onde se via 10/10 escrito a caneta por um professor e com a data de hoje. Nas paginas anteriores de alguns via 5 ou 6. Incrível, certo? Acho que acertei na compra. Aliás, acertei no gesto. Os miúdos finalmente têm alguém a quem mostrar as notas que têm na escola. Agora quero ir sempre vendo os seus cadernos, apesar de não perceber uma letra do que lá está escrito, sei ver os números e as datas. Mostrei interesse no trabalho deles e vejam o resultado. Agora quem tiver três 10 seguidos ganha uma pizza só para ele no mercado! Felizmente, tenho fé que vou pagar muitas...

As aulas estão a correr bem. De manhã são poucos, com a nova professora até dá para descansar de vez em quando. À tarde, vão chegando mais alunos, colegas dos rapazes da Kilt que também querem ir às minhas aulas. Até tenho medo de pensar no que é que os rapazes dirão das minhas aulas para conseguirem convencer os amigos a irem também. Hoje um dos temas foi namoradas e namorados, ri-me muito. Acho que amanhã todos os meus alunos rapazes vão desenhar flores nos cadernos para entregar às respectivas. A outra professora trabalha com os mais pequenos, o que me ajuda bastante.

Depois das aulas a minha colega foi embora, eu fiquei com eles mais um bocado a brincar e fomos directos para o mercado. Comecei a tratar das encomendas, a minha ideia é "despachar" uma pessoa que encomendou por dia. O mercado são 3 dias por semana, tenho mais 5 semanas por cá. A vossa generosidade diz-me que isto assim não vai resultar. Vão faltar dias e lá para o fim deve ser só "aviar" pessoas. É óptimo, não me estou de todo a queixar, muito pelo contrário. Além das minhas compras, vendemos muito. Chateámos muita gente, falámos com canadianos, franceses, australianos, ingleses, americanos e mais uns que não me lembro e continuamos a bater recordes nas vendas. Vendas ou donativos porque o "marketing" dos miúdos está de tal forma bom que as pessoas às tantas dão dinheiro sem comprar nada. Não sei quem está mais eficiente, se eles no mercado se eu a escrever no blog mas as duas estão a superar as expectativas.