segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Dia no campo!

Dia completamente diferente do habitual. Dia passado no campo, dia para recordar o meu Alentejo. Substituindo as enormes palmeiras pelos chaparros e os búfalos por cavalos, seria a mesma coisa. Talvez não…





O meu aluno mais velho na sexta-feira, no meio da canseira de pedalar até à dos irmãos do Sarath, teve a alembradura de me perguntar se eu não gostava de conhecer os seus pais. Notei no rapaz uma vontade imensa de me levar a conhece-los e que me assomasse ao sítio onde ele cresceu. Vê-me como um amigo, onde é que o professor já vai. Eu não havera de querer, disse que era um gosto conhece-los e fazia questão de lhes falar do filho porreiro que têm. Hoje às 8h da manha fomos então à dos pais dele. Os outros dois mais velhos, de 16 e 18 anos, também quiserem vir. Uma mota para cada dois e abalámos.
Mais de 2 horas de caminho. Estava uma grande calma que me valeu um escaldão na cara. Escusado será dizer que foi impossível voltar a horas das aulas da tarde dos rapazes, pelo que, sem saber, incentivei à falta. Eles ficaram todos contentes e um dia não são dias. Hoje ninguém lhes moeu a cabeça na escola de Khmer.
Saímos da cidade (fiz um video com  saída, imaginem o centro da cidade), desapareceram as casa de tijolo, os restaurantes e os turistas. A primeira hora de viagem fez-se bem, estrada alcatroada. É a que liga Siem Reap à capital, pelo que deve ser a melhor de cá (ainda que má e perigosa). Odepois, o alcatrão deu lugar à terra e a ultima meia hora foi no meio do mato, num caminho super estreito onde os ramos das árvores nos iam batendo nos cornos. Tivemos que passar algumas pontes que não eram mais que uma tábua de madeira. Calhando o rapaz virar um bocadinho o volante e acabávamos os 3 dentro da agua, eu, ele e a mota. Apesar do “very difficult” e “very dangerous”  que ia ouvindo do rapaz, correu tudo bem e nunca me senti assaranpatado.
Planícies enormes, palmeiras enormes, cheirava mal que tresanda. Vacas, porcos e búfalos no meio da estrada, uma barafunda. Sim, búfalos. Aquele animal que está no top 10 dos mais perigosos, estavam ali escarrapachados à minha frente. Segundo os miúdos, se não tivermos nada vermelho e não nos amangarmos com eles, corre tudo bem. Assim foi.
Pelo caminho fizemos 3 paragens. No posto de gasolina fantástico que há por cá. Na casa da mãe da Sokim, uma rapariga também da Kilt, para a visitar a ela e ao irmão recém-nascido. Muito simpática, aquela mãe perguntava-me se a filha estava a aprender inglês e ouvia o que eu dizia nas aulas. A ultima paragem foi num mercado local. Fiz sucesso, eu passava e tinha tudo o que era pessoas a olhar para mim e a sorrir-me. Por certo nenhum estrangeiro anda por lá. Ficou tudo almareado da cabeça e a gozar com o tamanho do meu nariz. Por lá, vendiam muita coisa nojenta, umas bodegas incluindo cobras vivas. Comprámos apenas sal e açúcar para o rapaz oferecer aos pais e uma abóbora para o almoço.

O resto do almoço consistiu em arroz e vegetais apanhados no campo. Muito bom. Os pais dele não falam uma palavra de inglês, eu sei umas 20 em khmer mas o dialogo fez-se. A casa é pequena, daquelas no primeiro andar. Dormem numa esteira no chão e tem a cozinha que é o que se vê. Chega-lhes e vivem bem ali, pelo menos comida não falta com o que plantam. O mais velho também me contou que, quando falta comida na Kilt, vai a casa buscar a rede e pesca qualquer coisa por ali. Hoje não pescámos, mas lavrámos a terra. Que canseira.


Também brincámos com os gatos, os cães, as galinha, as cabras, as vacas e… abelhas.
Esta história acho que ninguém acredita, nem eu acredito. Valem as fotos para provar. Enquanto andávamos por lá, os meus alunos encontraram um enxame. Decidiram mostrar-me, eu decidi tirar a foto. Após tirar a foto com centenas de abelhas, quando largamos o ramo da árvore elas saíram disparadas. Eu e os 3 grandes benfiquistas (estes não são pequenos) corremos como se não houvesse amanhã, todos alvoreados. Ainda estou para perceber como é que nenhum foi picado. A brincadeira não ficou pela foto, eles são chalados da mioleira e queriam o mel. Eu acobardei-me e fiquei a assistir. Eles amanharam-se para o ter. De faca e isqueiro na mão trataram daquilo. Um ataca as abelhas com a faca, o outro fez o fogo para a assustar e a verdade é que elas fugiram todas e não picaram nenhum. Ficaram o mel e as abelhas bebés. Essas são inofensivas, cheguei a ter várias na mão e nada aconteceu. O mel, estava óptimo e foi enfardado pelos 4. Inacreditável.
















À tarde pusemos-nos na alheta e, de regresso à Kilt, estavam por lá os miúdos todos. Estava cansado mas ainda houve tempo para brincadeira. Fiquei chateado porque as aulas de inglês supostamente tinha delegado à outra voluntária que à tarde se baldou sem justificação e os deixou sem aulas. O chateamento passou quando vi o caderno da Sochea com 10 a matemática. A ajuda resultou e do 2 subimos para o 10 (nota máxima). Fiquei orgulhoso e radiante, ela também estava toda contente...

2 comentários:

  1. A tua mãe, com essas abelhas todas, entrava em histeria e só parava de correr lá para os lados do Japão, com certeza. O mesmo que te aconteceria a ti cá, neste país à beira-mar plantado, há algum tempo, parece-me...
    Quanto ao nariz grande, não sei porque gozam contigo. Não há aí maiores ? por cá há (Sócrates e Cª).

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  2. Não te estiques em demasia, gostava de te ver inteiro e sem mazelas no dia 8.
    Fico contente por seres um óptimo professor de matemática, conseguiste em pouco tempo o que eu, por vezes, não consigo num ano inteiro. Parabéns!
    Viste elefantes a tomar chá? Tu podes tomá-los, para teres água quente basta pô-la um bocado ao sol(engarrafada e bem tapada).
    Quanto às abelhas o teu pai já disse tudo, foste forte mas também te acagaçaste ao pé das bichas.
    O pai está a mangar comigo, diz : o que eles gozariam com o teu (meu) queixo!!!!

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