quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Festa de anos!

Tinha tudo para ser um dia normal. Aulas de manhã, vou almoçar fora e regresso à Kilt para a aula da tarde. Contudo, antes da aula da tarde começar fui falar com a mulher do Bel (responsável pela Kilt) que, ao saber que estou para levar os pequenos grandes benfiquistas a comer fora um dia destes, veio perguntar-me se não podia ser hoje. A Bonita (sim, é mesmo o nome dela), filha deles, comemorava os seus 5 anos hoje. É a única, de entre os pequenos grandes benfiquistas, que tem a sorte de viver junto dos pais. É das poucas, de entre os 15 pequenos grandes benfiquistas, que têm a sorte de saber a data do seu aniversário. Eu rejeitei a proposta, decidi fazer diferente. Os 20  anos comemoram-se num restaurante com os amigos, os 5 comemoram-se ao ar livre a parvejar. Prometi dar as aulas e seguir directamente para o supermercado, mais tarde voltaria com tudo o que era necessário para uma grande e inesquecível festa de anos. 
Assim foi. Na Kilt ficaram a preparar a festa com aquilo que tinham, fizeram noodles (esparguete com vegetais) para o jantar e compraram 1 bolo.. Eu, no supermercado, tratei dar uma dimensão maior à festa. Comprei pão de forma com fartura e queijo para sandes. Comprei gomas, chocolates, rebuçados e batatas fritas. Comprei fantas e uma big coca-cola (mais de 3 litros). Comprei copos de plástico pois na Kilt têm apenas 3. Comprei 2 bolos, não fosse um não chegar para todos. Comprei uma boneca para dar de prenda de anos. Mais importante de tudo, comprei carne boa para todos. Bifes de frango, mais 36 salsichas pequenas que, surpreendentemente, viraram enormes depois de cozinhadas. 

Esqueci-me da parte em que tinha transportar tudo aquilo até à Kilt... de bicicleta. Com algum sacrifício, lá consegui.
Cheguei e, mais uma vez, tive um recepção entusiasmante e calorosa. Todos tomaram banho para a festa. As meninas penteavam-se umas às outras e vestiram as suas melhores roupas. Hoje nenhuma estava com roupa rasgada e de há 10 anos atrás. Algumas tinham brincos e colares. Estavam lindas!
Os rapazes andavam junto do espelho da carrinha (o único espelho que têm) a tratar dos seus penteados. 










Juntos construímos a mais bonita festa de aniversário que já presenciei. Uns trataram da musica, outros enchiam balões, outros cozinhavam. Num abrir e fechar de olhos tínhamos uma mesa para a musica, outra para o bolo cheia de balões e um verdadeiro banquete criado na cozinha. Tudo foi partilhado, não se esperava outra coisa. Todos num circulo, sentados no estrado da cozinha, tinham um prato com 2 fatias de pão, 1 de queijo, 3 salcichas, 1 fatia de carne e noodles. Ao centro, batatas fritas, gomas, rebuçados e chocolates. Para beber, garrafas de fanta, sprite e coca-cola.









Juntos comemos alegremente, alguns pediram-me vídeos com eles a saborear aquilo que tão poucas vezes comem. No final, via uma família feliz. A Bonita e os pais, os 3 junto da mesa dos balões a brincar e orgulhosos com tudo aquilo. 



Seguiram-se os parabéns com uma explosão de alegria no final. A seguir, a foto da família Kilt. Primeiro apenas eles, depois eles mais eu. Não há festa sem balões e, por cá, aparentemente, não há festa sem uma espuma que eles decidem atirar uns para cima uns dos outros. Optei por entrar na brincadeira, tive direito a uns bigodes e, achei-me no direito de ser uma criança autêntica e encher-lhes a cara daquilo. Rimos imenso!















Por fim, foi hora de cantar e dançar. Na cantoria, assisti a um coro pior que o da família Lebre e, no meio daquilo, até achei que desafinava pouco quando cantava/gritava a plenos pulmões (os milagres existem mesmo!). Na dança, um show bem melhor. Eu virei aluno e eles professores, ensinaram-me as suas danças com as mãos mesmo à Asiático. A minha falta de talento revelou-se um sucesso, gargalhadas atrás de gargalhadas. Seguiu-se um comboio à volta das mesas, em que cada um fazia o seu passo de dança. Eu optei por fazer de galinha (é o que dá vontade com a música em Khmer) e eles riam-se que nem uns perdidos. Para acabar, e depois do show do gangnam style, lembrei-me de dançar o macarena. Eles conheciam a coreografia e os minutos a seguir foram mágicos. Não há palavras para descrever o que senti. Tinha o cabelo encharcado, o suor a  escorrer-me pela cara, a camisola toda porca e transpirada mas senti-me melhor que nunca. Eu e todos os pequenos grandes benfiquistas, do mais novo ao mais velho, juntos, a dançar alegremente. A música passou uma, duas, três... infinitas vezes mas nenhum queria parar. Por certo, nenhum de nós esquecerá tão cedo aquele momento.

E foi assim, um dia que tinha tudo para ser apenas mais um dia por cá, tornou-se num dia super especial. Guardarei-o para sempre pois deve ter sido a melhor festa de anos da minha vida, a deles não tenho grandes duvidas que foi. Algo me diz que os meus pequenos grandes benfiquistas também o irão fazer. Os obrigados que ouvi antes de ir embora, quando já eram horas de eles se irem deitar, dizem-me que sim. A cara e alegria daqueles pais também. 

4 comentários:

  1. Fixe! O próximo a fazer anos cá em casa é o teu pai (15 de setembro). Estou descansada , tu tratarás de tudo. O trabalho até te é facilitado, em vez de carregares "as comezainas" na tua bike podes ir no teu Clio (que já está virado para sair da garagem). Um descanso! (já agora não gosto de queijo, por isso gostava de ter um fiambrezinho para as tostas...)

    Como é óbvio, estou a brincar, mas dava-me (muito) jeito...

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  2. Tens de trazer um CD com música em "khmer", para fazermos todos de galinha, contigo a ensinar-nos... Estou a imaginar a "lebrelhada" e a "venturada" com espuma na cara e a "cacarejar".
    "Tralbmokvinh sabbaychett cheachraen" (parabéns pelo aniversário) à Bonita.

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    1. Pai, estou a ver que te divertes imenso no google tradutor mas deixa-me que te diga uma coisa. O alfabeto por cá é diferente portanto, mesmo que mostre o que escreves a um local, ele não vai perceber!

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    2. A minha cultura linguística até aí ainda chega. Mas os leitores do blogue também não são cambodjanos. Quem tentar "ler", e com boa dicção, ficará com a ideia que o espanhol é bastante mais perceptível.

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