quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Visita aos crocodilos

Dia normal. Normal dentro da anormalidade que foram estes 2 meses. Obras de manhã e aulas à tarde.
Nas obras, o desespero habitual. Não vou ver o resultado final de tanta manhã de trabalho mas fico contente por ajudar os meus pequenos grandes benfiquistas na esperança deles virem a ter umas boas casas de banho no futuro. O calor que se faz sentir é infernal. Enquanto escavo vou vendo as pingas de suor a cair. Eles, apesar de mais habituados à humidade de 90%, também acabam pingando. Já todos trabalhamos em tronco nu, alguns de boxers. Corpos banhados em suor. Eu hoje acabei por tomar banho com água do poço no meio daquilo. E que bem que soube a banhoca...
Depois fui para a Kilt,onde cheguei e tinha as raparigas a correr para mim para lhes cheirar o cabelo. Senti-me mal, eu todo porco e mal-cheiro e as elas todas cheirosas e lavadas. Recuando 2 meses, invertemos os papeis. Volta e meia durante o dia mexiam nos seus cabelos e punham-no a fazer de bigode para o cheirarem. Estava bem mais macio do que é habitual. Elas e eles, principalmente os mais pequenos, davam-me os cabelos e braços para eu ver como cheiravam bem. Que orgulhosos que estavam, que contente que eu fiquei. Se valeu a pena a ideia de ontem. Como é fácil fazer a diferença na vida deles.
À tarde, aula de italiano. Eu sentei-me com os meus pequenos grandes benfiquistas, também eu era aluno. Senti-me um deles. Aprendemos expressões a usar no mercado (ideia minha), do género "quer comprar alguma coisa?", e a dizer aquilo que eles vendem - anéis, brincos, colares, pulseiras, malas e desenhos. Eles adoraram e todos esperamos ansiosamente por um italiano no mercado este fim-de-semana. Além disso, aprendemos os números. A língua da aula é o inglês, o ensinamento italiano. Eu já sei os números em Khmer, eles já sabem em Português. Às tantas já contávamos com as 4 línguas misturadas e confundíamos aquilo tudo. Ríamos com as trocas e as asneiras uns dos outros. A professora já não tinha mão nos alunos. Ela que me desculpe qualquer coisinha, mas prefiro mil vezes ser estudante e contribuir para a desordem de uma aula do que ser professor e tentar impor respeito e autoridade.
Por fim, a aventura do dia foi visitar os crocodilos. Ainda não tinha visto nenhum, só comido. Hoje vi centenas e centenas deles na "crocodile farm". Não gostei. Gostam menos de se mexer que um alentejano. No tempo que lá tive e no meio de centenas deles, vi movimento apenas em 3. Umas estátuas autênticas às quais só dava vontade de atirar uma galinha ou um pato lá para o meio para ver se eles aí reagiam e se mexiam um bocadinho que fosse. Digo isto porque essa opção era válida, vale tudo para fazer dinheiro. Eu armei-me em defensor dos patos e das galinhas e rejeitei alinhar na brincadeira. Chegou-me a brincadeira de ir ver os crocodilos que não teve piadinha nenhuma. Crocodilos só mesmo no prato.  







3 comentários:

  1. Tens toda a razão, é mais fácil fomentar a desordem numa sala de aula do que manter a ordem o respeito. Sempre foste especialista nisso, só o gosto pelos teus alunos e amizade fizeram de ti um professor "muito querido" Mas também te digo, pelo que vi ontem, os cadernos dos teus alunos pequenos e grandes benfiquistas estão mais escritos dos que os teus enquanto aluno do liceu. As folhas em branco dos teus cadernos ainda me servem como rascunho(ao fim de 5 anos)
    Não é necessário que antes de chegar ao pé de mim, tomes um banho como deve de ser, podes vir a cheirar a suor e porcaria, o meu abraço vai ser igual! Estou cheia de saudades.

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    1. Com os testamentos que para aqui vão, achas que alguém vai acreditar na difamação que estás a tentar fazer?

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  2. Os crocodilos, como outros quaisquer outros animai selvagens perigosos, parece que não se mexem, até que... lhes dá mesmo a fome. A partir daí até os filmes da saga "Missão impossível" ou do "007" parecem como as vacas a olhar os comboios a passar, ou preguiças a descer das árvores.
    São parados , paradinhos, paradões, mas, tal como os alentejanos, capazes de muito (uns para o mal , outros para o bem, respectivamente, como não pudera haver de deixar de ser).
    Acho que nunca tinha visto tanta bicharada dessa junta, a não ser nas lojas da Lacoste!

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